Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Baiano, que gosta da mulher que ama (um dos últimos sobreviventes), bastante comunicativo, sou formado em Publicidade e Propaganda pela FIB/BA e além disso sou um cara muito romântico, a ponte de escrever poesias...

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Aqui vocês vão se distrair e saber um pouco das aventuras e desventuras de um simples mortal que sobrevive pela vida levando umas cheias e outras em vão...

Vou procurar deixar meu BLOG muito interessante no que diz respeito, a me acompanhar neste diario de bordo...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TEM UM CARLOS NO MEIO DO CAMINHO...


Tenho grande apreço por este poeta, um grande poeta:
CARLOS DRUMMOND de ANDRADE,
que Deus permitiu existir
para florir o mundo
com suas poesias que são capazes
de transformar não só ele, mas pessoas que vivem nele,
com coisas boas,
como o sentimento,
o amor, o amar,
o gostar sem medidas...










CIRANDA (O CÚPIDO ME FALOU)
Leon Danon



Procurei escrever tua carta de amor
Mas o cúpido no céu falou:
- Não só das palavras se faz o amor.

Procurei escrever tua carta de amor
Feito com carinho e paixão
De novo alertou:
- viverás na solidão.

Procurei escrever tua carta de amor
Com toda minha vontade
Quando na ironia lembrou
- não se esqueça da saudade!

Procurei escrever tua carta de amor
Já sem muita coragem
Pensei logo depois de ver a flor
Que grande bobagem!

Procurei escrever tua carta de amor
Na certeza de você ser sempre minha
Da boca dele escutei como profecia:
- Não será só ela sua garotinha.

Procurei escrever tua carta de amor
No pavor de te perder um dia
E a ele devo um grande favor:
De mostrar o que não via.

Procurei escrever tua carta de amor
Desenhando dois corações flechados
Vi tua ira celeste nos seus dentes entre os lábios
- Está cometendo o maior dos pecados.

Procurei escrever tua carta de amor
Aproveitando o ocorrido
Todavia o medo evitou o perigo
E perante a ele me dei por vencido.

Procurei escrever tua carta de amor
Ainda com os restos das lembranças
Foi quando senti nele sua piedade ao me segurar
Sorrindo deste meu ato de criança.

Procurei escrever tua carta de amor
Sem saber o porquê da insistência do cúpido
Foi quando percebi minha pouca idade
De andar na cidade dos vividos



Segue a poesia que me inspirou a escrever "CIRANDA - O cúpido me falou" :

LIRA DO AMOR ROMÂNTICO ou uma eterna repetição


Atirei um limão n’águae fiquei vendo na margem.

Os peixinhos responderam: Quem tem amor tem coragem.

Atirei um limão n’águae caiu enviesado.

Ouvi um peixe dizer: Melhor é o beijo roubado.

Atirei um limão n’água,como faço todo ano.

Senti que os peixes diziam: Todo amor vive de engano.

Atirei um limão n’água,como um vidro de perfume.

Em coro os peixes disseram: Joga fora teu ciúme.

Atirei um limão n’águamas perdi a direção.

Os peixes, rindo, notaram: Quanto dói uma paixão!

Atirei um limão n’água,ele afundou um barquinho.

Não se espantaram os peixes: faltava-me o teu carinho.

Atirei um limão n’água,o rio logo amargou.

Os peixinhos repetiram: É dor de quem muito amou.

Atirei um limão n’água,o rio ficou vermelho

e cada peixinho viu meu coração num espelho.

Atirei um limão n’águamas depois me arrependi.

Cada peixinho assustadome lembra o que já sofri.

Atirei um limão n’água,antes não tivesse feito.

Os peixinhos me acusaramde amar com falta de jeito.

Atirei um limão n’água,fez-se logo um burburinho.

Nenhum peixe me avisouda pedra no meu caminho.

Atirei um limão n’água,de tão baixo ele boiou.

Comenta o peixe mais velho:Infeliz quem não amou.

Atirei um limão n’água,antes atirasse a vida.

Iria viver com os peixesa minh’alma dolorida.

Atirei um limão n’água,pedindo à água que o arraste.

Até os peixes choraram porque tu me abandonaste.

Atirei um limão n’água. Foi tamanho o rebuliço

que os peixinhos protestaram:Se é amor, deixa disso.

Atirei um limão n’água,não fez o menor ruído.

Se os peixes nada disseram,tu me terás esquecido?

Atirei um limão n’água,caiu certeiro: zás-trás.

Bem me avisou um peixinho:Fui passado pra trás.

Atirei um limão n’água,de clara ficou escura.

Até os peixes já sabem:você não ama: tortura.

Atirei um limão n’águae caí n’água também,

pois os peixes me avisaram,que lá estava meu bem.

Atirei um limão n’água,foi levado na corrente.

Senti que os peixes diziam:Hás de amar eternamente.

Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond


Inspirado no “MESTRE DA POESIA” Carlos Drummond de Andrade.